sexta-feira, 8 de abril de 2011





Dentro de mim sei que sou livre.
Tenho a liberdade em meus pensamentos e sobre meu corpo.
Tenho a liberdade de errar, afinal, não sou perfeita e tão pouco gostaria de ser.
Tenho erro nos dedos das mãos e dos pés, talvez má formação. Escrevo palavras nem sempre tão certas e sigo nem sempre por caminhos tão seguros. As palavras erradas são as minhas, no livro da minha vida. Os caminhos nem sempre seguros, são os meus, são os meus dedos que estão sempre pisados.
Um redemuinho no topo da minha cabeça, deixam meus cabelos de vez em quando em pé.
Mau humor de bom grado, como qualquer ser humano.
O hálito da minha boca quando acordo, nem sempre é tão fresco, logo assim, de vez em quando um palavrão.
Olho a chuva pela janela, os pingos escorrem pelas minhas mãos, espalho no rosto como creme facial, o mais caro da bancada. Saio correndo, invado as gotas que caiem do céu como uma cortina de água, uma festa pra mim. Pessoas na sua liberdade de pensamentos, liberdade de julgamente dos olhos alheios ou no hálito fresco de suas bocas exclamam “Ó, tá maluca!
Ih, chapou legal! Ialá, tá curando depressão!”.
Onde ir para o shopping e gastar os vinténs, é a festa normal do ser humano.
Mas afinal de contas, quem é que paga as minhas contas?
Os meus vestidos são compridos, passam dos joelhos, pra mim os mais charmosos.
Se é defeito ou não, eu já não me importo. Não ligo em envelhecer sem ter mostrado as minhas pernas aos vinte e poucos anos, quando já mostrei bem mais.
Já mostrei também o meu amor. Com gestos, palavras, ditas e escritas. Ponte aérea, no café da manhã, bom dia, boa tarde e boa noite. No meu perdão.
Mesmo que o perdão venha de si próprio, você realmente deve se arrepender do que fez, com toda a sua força, você e você.
Tenho a liberdade de desejar, e anotar estes meus desejos. Os anoto em um caderninho, muitos destes desejos, já risquei.
Um dia eu os cito.
Tenho a liberdade de brigar com a minha teimosia, de deixá-la guardada de vez em quando e lhe perguntar “Por que tanto teimas comigo?”.
Às vezes, no espelho, dou-me de cara com a minha vaidade e já logo lhe falo “Ah, tu aqui outra vez!”.
Sigo pelo corredor andando pela casa, paro na cozinha, abro a geladeira, na primeira prateleira a Gula, dando pulos a ser notada. De cara a vejo e lhe digo ”Tu está ai é? Estava sumida. A Dona Fome por ai também junto não está? Muito a procurei”.
Dentro de mim sei que sou livre.
Tenho a liberdade em meus pensamentos e sobre meu corpo.
Só não consigo ficar livre dos olhos alheios e de mim mesma, afinal, sou ser humano qualquer, ser humano comum.

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